After WYADWYADN – Entrevista Hugo Brito
ZERO: Que motivação existe para preferir determinado suporte (vídeo, fotografia, texto, etc.) na conceptualização e execução de um trabalho, nomeadamente neste, em relação a outro. O tema deste trabalho influenciou a escolha do formato? É uma escolha automática ou é calculada?
hmBrito: Normalmente penso os assuntos em narrativas, não olho para determinado objecto e penso ‘isto resultaria bem numa fotografia’, se bem que tal já tenha sucedido. A minha primeira ideia é sempre contar algo, uma espécie de história, mesmo que depois lhe arranque partes e no final aparentemente não sobre nada da narrativa inicial.
ZERO: Achas que, como suporte para a publicação do teu trabalho, a WEB é uma plataforma eficiente? Achas que seria mais adequada a sua exposição noutras condições? hmBrito: Eu gosto de manusear livros, novamente por serem objectos adequados às narrativas, mas também por existir a hipótese de os revisitar em diversas circunstâncias e não apenas em frente de um ecrã de computador, que é um dos problemas da WEB. Ninguém leva os computadores para o meio de um campo, para a praia ou para outros locais sem corrente eléctrica ou sem ligação à rede. O livro pode ir e ler em locais diferentes origina leituras distintas. ZERO: Sobre o tema do trabalho, WYADWYADN, gostarias de acrescentar alguma consideração? hmBrito: Pensei este trabalho com Miguel Seabra. Co-habitamos durante algum tempo, numa fase pessoal atribulada. Pela minha parte deparava-me, frequentemente, com hiatos temporais em que nem sequer me lembrava do tempo exterior ter avançado, de tal forma estava embrenhado em frases e fios de pensamento. O curioso é que também não me lembrava das frases mas tinha a noção de que produziriam algo, que uma parte de mim, que eu não conheço ainda, conseguiu ler aquele vazio e fazer algo dele, talvez daí o WYADWYADN. -Hugo Brito |